O estigma ultrapassado que ainda persiste (e o que a Geração Z tem a ver com isso)

Durante décadas, a sociedade considerou que, aos 40 anos, uma pessoa já estava “velha” para o mercado de trabalho. Essa visão se originou em uma época em que a expectativa de vida no Brasil era significativamente menor: em 1960, por exemplo, era de apenas 52,5 anos. Além disso, a primeira lei da Previdência Social, de 1923, permitia aposentadoria aos 50 anos para determinados trabalhadores.

Hoje, essa realidade mudou drasticamente. Em 2023, a expectativa de vida no Brasil alcançou 76,4 anos, e a idade média de aposentadoria subiu para mais de 60 anos. Ainda assim, muitas empresas insistem em carregar estigmas do passado, considerando profissionais acima dos 50 como menos produtivos, adaptáveis ou inovadores.

Esse preconceito etário, conhecido como etarismo, é um dos grandes desafios ocultos do mercado. O que antes era uma crença baseada em um contexto histórico ultrapassado, hoje se revela como uma barreira para o aproveitamento de talentos experientes e valiosos.

A geração Z e o novo desequilíbrio do mercado

Com a entrada da Geração Z no mercado de trabalho, outra questão se agravou: o desequilíbrio entre expectativa e realidade profissional. Muitos jovens profissionais enfrentam dificuldades de adaptação, desafios com relações interpessoais, alta rotatividade e baixa tolerância a pressão.

Isso tem empurrado o mercado para um reconhecimento crescente de que os profissionais mais experientes são essenciais. Eles têm sido a coluna vertebral de muitas equipes, mantendo a estabilidade, transmitindo conhecimento, liderando com maturidade e garantindo a continuidade de processos em momentos de alta instabilidade.

Na prática, esses profissionais têm sido fundamentais para que as empresas sigam crescendo enquanto a nova geração ainda encontra seu espaço, ritmo e identidade dentro do ambiente corporativo. E provavelmente serão essa base até que a próxima geração esteja mais amadurecida e consolidada no mercado.

Por que ainda resistimos a valorizar a experiência?

O estigma pode estar enraizado na dificuldade cultural de enxergar o valor do que não é novo. Vivemos em uma era que glorifica a inovação, a juventude e a velocidade. Mas muitas das soluções que mantêm as empresas de pé vêm justamente de quem já viu ciclos anteriores, enfrentou crises, adaptou-se a mudanças estruturais e segue contribuindo com consistência.

O que podemos (e precisamos) fazer

Valorizar a diversidade etária não é apenas uma questão de justiça social — é uma estratégia inteligente de sobrevivência e crescimento organizacional. Empresas que reconhecem o valor da experiência ganham não apenas em conhecimento, mas também em estabilidade, liderança e transmissão de cultura organizacional.

Não se trata de opor gerações, mas de integrá-las. O futuro do trabalho pertence a quem souber construir pontes entre o que já foi vivido e o que ainda está por vir.